May 26th, 2008 Paulo Pedott
Assim como na União Soviética, os cartazes também foram massivamente utilizados para difundir propaganda política em muitos outros países. Notadamente a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os cartazes foram inestimáveis instrumentos de mobilização e disseminação de idéias e notícias.
U-boote Heraus! – Hans Rudi Erdt – 1917 – Cartaz para filme. Interessante notar os tons pastéis da peça, em contraste com as cores fortes nas divisas do Capitão em sua manga e no símbolo nacional no quepe.
Em sociedades beligerantes (como os países europeus na Primeira Guerra Mundial) o racionamento de materiais e a escassa alfabetização conduziram ao uso dos cartazes como a forma mais rápida, direta e econômica de comunicação, sendo utilizados para não apenas estimular o esforço de guerra bem como para divulgar ideologias, notícias e conceitos.
Um dos nomes mais representativos desta fase é o do alemão Hans Rudi Erdt, nascido na Bavaria em 1883 e falecido em 1918. Seus cartazes para o governo alemão do Kaiser Guilherme II são, juntamente ás suas criações publicitárias, um espatáculo à parte. Alguns são clássicos, como aqueles criados os para a fábrica de automóveis Opel e para o filme U-boote Heraus! (algo como Submarinos: Ao mar!).
Também é desta época o famoso cartaz “I want you!” encomendado pelo Departamento de Defesa do governo dos Estados Unidos da América para incentivar o alistamento de soldados para lutar na Europa, em sua força expedicionária.
Já na Segunda Grande Guerra (1939-1945) os cartazes voltam a ser extensivamente utilizados por ambos os lados conflitantes, mantendo suas características de comunicação rápida e direta. Sendo preciso ressaltar a importância para a propaganda política moderna a atuação do Ministério da Propaganda alemão durante o governo nazista que, sob o comando de Paul Joseph Goebbles revolucionou a forma de governos se comunicarem com a população. Aqui não existe nenhum tipo de apologia à este ou àquele regime político, é apenas uma constatação a partir de análise histórica.
Automóveis Opel – Hans Rudi Erdt – 1911 – Talvez a série mais conhecida dos trabalhos do artista, um exemplo do chamado Plakatstil ou Sachplakat.
Cigarros Engelhards – Hans Rudi Erdt – 1915 – Cores discretas e ilustração característica de Erdt.
Creme Nivea – Hans Rudi Erdt – 1910 – Um cartaz que foge ao estilo de Erdt. Cores mais fortes sem a figura humana, porém a diagramação geral da peça nos remete ao trabalho do autor.
Problem Cigarrete – Hans Rudi Erdt – 1912 – Cores discretas e tipologia característica de Erdt.
I want You! – James Montgomery Flagg – 1917 – Possivelmente o mais famoso de todos os cartazes ja empregados como propaganda de guerra.
We will lick’em – Departamento de Estado EUA – c. 1944 – Os EUA utilizaram cartazes para difundir a idéia de que o aumento de produção das industrias levariam o país à vitória contra o Japão (o que efetivamente aconteceu)
Waffen SS – Ministério da Propaganda – ? – Cartaz de recrutamento para as waffen SS, tropas de assalto alemãs da Segunda Grande Guerra.
Victory waits on your fingers – Royal Typewriter Company para o Departamento de Estado EUA – c. 1942-43 – A chamada frente interna, ou o trabalho de mobilização da população para o esforço de guerra, contemplava as mais diversas atividades até mesmo datilografia.
men who know say no to prostitutes – Departamento de Estado EUA – ? – A característica educacional da mídia cartaz pode ser claramente observada neste exemplo, muito semelhante aos trabalhos do inglês Tom Purvis um expoente do estilo chamado Commercial Design britânico.
Légion Volontaires Français – Jean Breton – 1942 – Cartaz de recrutamento francês (colaboracionista)
Nordpost – NSDAP – Ministério da Propaganda – ? – Cartaz de recrutamento para as waffen SS alocadas na noruega. Note a ilustração utilizando a técnica de pastel seco, algo raro no estilo.
We can do it! – J. Howard Miller (Westinghouse) para o Departamento de Estado EUA – 1942 – Possivelmente o mais famoso dos cartazes de guerra na “frente interna”, neste cartaz se consolida a personagem Rosie the Riveter (Rosie a Rebitadeira) que, mesmo tendo surgido em uma canção popular e ter existido realmente (Rose Will Monroe), mas um tanto diferente da estilização apresentada neste cartaz, simbolizou o esforço de todas as mulheres norte americanas que assumiram os postos de trabalho nas fábricas e contribuiram decisivamente para o esforço de guerra.
A FAB atinge o alvo inimigo! – ? – Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) Brasil – c. 1943-44 – Raro exemplo de cartaz brasileiro utilizado como propaganda de guerra.
Verdunkeln (apague!) – Ministério da Propaganda – ? – Cartaz educacional mostrando o perigo de se desrespeitar os blackouts, ou ordens de apagar as luzes durante bombardeios noturnos.
US$2,00 – Boccasile – ? – Um dos muitos cartazes criados por Gino Boccasile para o esforço de guerra e propaganda italianos.
Unterofizierlge- Ministério da Propaganda – ? – Cartaz de alistamento para sub-oficiais do exército alemão.
Telling a friend may mean… – Departamento de Estado EUA – ? – Mais uma vez podemos perceber a característica educacional da mídia cartaz neste exemplo.
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